quarta-feira, 2 de junho de 2010

Gustav Klimt



Outro dia fui ao CineMaterna pela primeira vez. Levei meu pequeno Vicente, agora com três meses e meio, para assistir ao novo longa de Woody Allen, "Tudo pode dar certo". Me diverti horrores com toda aquela novidade: cinema com bebê no sling, outras mamães e seus bebês chorando, trocando fralda, brincando em frente à telona, enquanto um velho rabugento tentava explicar a complexidade do universo a uma ingênua e estúpida mocinha do Alabama. Depois do filme, passei um bom tempo garimpando uma maravilhosa livraria que havia ao lado, recheada de títulos sobre cinema, teatro, arte, moda e com algumas belas peças de arte à venda. Escolhidos os presentes, na saída ainda enxerguei um mural de ímãs coloridos e divertidos, alguns de filmes, outros de HQs, mas os mais belos com réplicas de quadros famosos.
Foi aí que conheci - e me apaixonei - por um quadro de Gustav Klimt. Intitulado "Mãe e Filho", como depois investiguei, a imagem era belíssima e imediatamente pensei em como eu queria levá-la de presente para o meu amado.
Para a minha surpresa, ele não apenas conhecia o pintor, como também relatou que por muito tempo tivera o quadro "O beijo", do mesmo artista, sobre sua cama... mas resolveu deixá-lo para trás com seu passado - não sem algum sofrimento.
Enfim, o quadrinho-ímã ficou lá grudado em seu mural de fotos, junto com suas melhores lembranças da família (inclusive a família que agora formamos, eu, ele e o pequeno Vicente).
Quando voltei para casa, resolvi saber mais sobre esse tal de Klimt (santa ignorância...). E para surpresa ainda maior, descobri que é dele o quadro que está há séculos pendurado na parede de entrada do meu próprio quarto!!! Sim, por anos a fio tive "Judith I" em uma moldura espelhada, acompanhando o meu crescimento. Ela, com o seio esquerdo à mostra, segurando a cabeça de um homem cujo destino fatal parece muito lhe agradar, esteve o tempo todo me observando.
Lindo. Acho incrível como o acaso pode nos levar a encontros com nós mesmos.
Gustav Klimt, obrigada. Pela beleza das obras, pelas histórias de que me lembro ao contemplá-las, pela arte em forma de amor...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A Nova Ordem


Uma grande amiga minha, Larissa, me fez a pergunta mais legal que já recebi até agora sobre a maternidade: como é a sua rotina agora?
Achei bacana porque era exatamete essa a minha maior dúvida antes do Vicente nascer. Como será a minha nova rotina. Bom, agora que já se vai um mês e meio de intensidade, resumo aqui a nova ordem na minha vida.

Meu dia não tem hora certa pra começar. Digamos que, numa boa hipótese, o Vicente acorde às 6 ou 7h (numa hipótese ruim ele acorda às 5h e numa hipótese péssima ele acorda às 3h e não dorme mais não!). Às vezes até acontece dele acordar mais tarde, umas 8 ou 9, mas é raro e eu evito porque acaba complicando muito meu dia.

A primeira coisa depois de tirá-lo do berço é dar mamá, pois o bichinho já acorda abrindo a boca e tentando chupar qualquer coisa que encoste nela. Isso pode levar de uns 20 minutos (se o peito estiver bem cheio de leite) até mais de uma hora. Nesse meio tempo ele já faz um cocozão e assim que acaba de mamar (e arrotar, o que demora mais uns minutinhos e tem que fazer pra não dar gases) eu coloco ele na minha cama e vou preparar a banheira com água quentinha.
Pego ele(que já deve estar resmungando a essa hora, porque não gosta de ficar sozinho na cama. Às vezes até fica conversando sozinho e gesticulando um tempão e aí é melhor) e levo para o trocador. Limpo a caca toda e levo ele para o banho. Ele adora, não costuma reclamar pra banhar não. Só começa a chorar um pouco na hora de se secar na toalha, talvez pelo friozinho. Aí volta pro trocador pra passar hipogloss, colocar a fralda limpa e a roupinha. Se ele chora muito nessa hora, dou o peito de novo, com ele na toalha ainda. Aí ele acalma e dá para fazer tudo com mais tranquilidade depois. O peito é um santo remédio. Mas depois de algunos cocôs e xixis em cima de mim, aprendi que esse momento tem que ser ligeiro. Uns minutinhos de mamá pra acalmá-lo e corre pra colocar a fralda, senão...

Depois de prontinho tem que secar entre os dedinhos e dentro e atrás das orelhas com cotonete. E pentear o cabelinho. Aí já é hora de mamar de novo, ele já mostra fome. Mama mais uns minutos (indefinido) e, geralmente, dorme. Pode dormir de 20 minutos a 3 horas, só Deus sabe. E assim eu vou dando mamá e fazendo ele dormir até a hora do almoço. Ah, sim! Esqueci de dizer que nesse tempinho que ele dorme depois do banho, eu corro pra tomar café-da-manhã. Muitas vezes não consigo terminar antes que ele chore pra mamar de novo. Ultimamente tenho feito muitas refeições com ele no meu colo, mamando ou só sentadinho mesmo. De vez em quando minha mãe (ah, minha mãe, minha mãe!!) me surpreende com um café no quarto porque sabe que já estou morrendo de fome e ainda não pude descer pra comer. No começo ela trazia todos os dias uma bandejinha cheia de coisas gostosas, mamão, café com leite, pão na chapa, queijo minas, geléia, uma benção!!

O dia todo eu fico basicamente alternando entre amamentar, ninar, trocar fralda, brincar e conversar com ele enquanto está acordadinho. Enquanto ele mama eu leio um livro, uma revista ou vejo televisão (santa Sky!). Enquanto ele dorme eu tomo banho, durmo, coloco as roupas dele pra lavar, estendo no varal e passo no ferro a vapor pra deixar tudo esterilizadinho.
Agora ele já está ficando acordado mais tempo sem chorar. Dá para colocar no carrinho, às vezes, e dar um passeio na rua ou pela casa mesmo. Costumamos também conversar bastante nessas horas despertas(sim, ele conversa com grunhidinhos, risadinhas, mãos e pés balançando e até arrisca uns "agús", é demais!).
Fico um pouco na rede (dando mamá ou ninando), leio jornal ou revista no sofá (dando mamá ou ninando), uso a internet (dando mamá...) e assim vai. Na verdade, é uma grande repetição de coisas, mas é muito complexo porque nunca sabemos a que horas cada uma delas vai acontecer.

Outro dia saímos pela primeira vez para um passeio na cidade. Levamos ele nas Lojas Americanas pra comprar ovo de páscoa. Dormiu o tempo todo, tornando o passeio fácil e, ao mesmo tempo, um pouco frustrante. Queria tanto que ele "vivesse" o agito! Que nada. Ignorou completamente todo e qualquer movimento, inclusive todos os curiosos que se aproximaram e a voz incessante no alto-falante da loja... mas chegou em casa e acordou total.
Minha mãe me ajuda muuuuito. Fica com ele pra eu poder comer, tomar banho, descansar. No fim de semana em que ela viajou com meu pai eu fiquei exausta porque tive que cuidar do Vicente, do Vovô e ainda cuidar da casa (roupas, comida, chaves, luzes, etc). Por outro lado, foi ótimo para a minha psiqué. Entendi o que é estar por conta própria com uma casa e um bebê pra cuidar. E adoro poder dizer que tirei de letra.

Semana passada consegui fazer as unhas, depois de quase dois meses! A manicure veio aqui em casa e o Vicente colaborou, dormiu até secar o esmalte da mão. Só chorou pra mamar quando ela já fazia meu pé. No salão eu consegui fazer as sombrancelhas(com ele mamando), porque é mais rapido do que fazer as unhas.

Já saio pra correr 20 minutos, dia sim, dia não. Minha mãe fica com ele e eu vou mais tranquila. Muitas vezes chego em casa suando em bicas e ele já está chorando, querendo peito. Tomo um banho de gato (com o coração apertadinho, é verdade) e corro pra atender o meu Amo. Nunca pensei que fosse gostar tanto de uma escravidão! Nos dias em que ele não dorme muito, faço só uns abdominais e bioginástica em casa mesmo, porque se ele chorar estou ao lado. E assim vou tentando retomar a velha forma. Sem pressa, mas também sem comodismo.

Agora ele já dorme mais horas seguidas à noite. O recorde foi de sete horas: apagou às 21h e só chorou de novo pra mamar às 4h! Foi bom demais!! O normal é ele acordar no máximo duas vezes à noite, o que me permite descansar bem melhor do que nos primeiros 20 dias. Estou me sentindo bem agora. Tranquila, descansada, feliz com o meu gurizinho crescendo bem diante dos meus olhinhos de coruja.

Enfim, Lari. É uma grande correria e cada dia é diferente do outro. Tem dias em que ele dorme muito. Outros em que não dorme nada, mas se diverte. Tem dias que tem cólica, dá um desespero. Tem outros que passa tranquilinho, sem sentir nada. Aliás, ele tem bem poucas cólicas, graças a Deus. É exceção.

Acho que já escrevi demais, né? Mas foi bom contar um pouquinho da minha nova rotina pra você, espero que não esteja muito cansada!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

2010



Acabo de me dar conta de que esse blog ainda não entrou em 2010!
Nenhuma menção, nenhuma postagem, nenhuma só foto para demonstrar que já estamos na virada da primeira década do novo milênio...

Bom, resolvi então escrever hoje, um dia antes do meu aniversário de 26 anos, para registrar que estamos não apenas no Ano Internacional da Biodiversidade, mas também no ano em que meu primeiro filho, Vicente, vai chegar ao mundo (será que chega amanhã? depois de amanhã?? Ah, quanta ansiedade!).

A foto do barrigão na piscina foi tirada há um mês atrás... agorinha mesmo estamos, digamos, um pouco maiores (e mais apertados, o Vicente diria).

É isso. Alegria demais para o novo ano. Vibração Positiva para os próximos anos de convivência com esse novo ser de luz que escolheu a minha barriga para embarcar em sua nova aventura terrestre.
Que venha o nosso pequeno "vencedor"!
SEMPRE NA ALTA!

Lelê.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

sábado, 31 de outubro de 2009

Lista Sugestão para o Chá de Bebê "Lelê&Cia."
Para quem não sabe ainda, é um MENINO...

(ao escolher um item, deixe um comentário abaixo para evitar repetições)

01 álbum de fotos
02 babadores
01 bichinho de borracha ou pelúcia (não tóxico)
02 bodies de manga comprida - 01 COMPRADO!
02 bodies de manga curta
01 bolsa pequena de água quente
06 cabides infantis
02 calças com pé (de preferência de malha)
03 calças enxutas
04 caixas de hastes flexíveis - 04 COMPRADAS!
01 caixa de lenços umedecidos - 01 COMPRADA!
01 chapéuzinho ou bonézinho
01 chocalho
01 creme para assaduras - 01 COMPRADO!
02 cueiros
01 escova de cabelo para bebê
01 esponja
02 fraldas de pano
02 gorrinhos de lã ou malha
01 jogo de lençol para carrinho
01 lavanda ou colônia para bebê
01 loção cremosa para limpeza
01 macacão de manga comprida
01 macacão de manga curta
01 macacão banho de sol
02 meias
01 mordedor de borracha (não tóxico)
01 óleo para bebê
01 pacote de algodão
01 pacote de fraldas descartáveis
01 pente para bebê
01 pinça de pegar mamadeira
01 pratinho para papinha
01 sabonete neutro - 01 COMPRADO!
01 saboneteira
02 sapatinhos de lã ou linha
01 xampu neutro
01 termômetro digital - 01 COMPRADO!
01 termômetro para banho
01 tesourinha de unha - 01 COMPRADA!
01 toalha fralda
01 toalha para banho com capuz
01 toalha de fralda
01 travesseiro anti-sufocante


Essa lista é apenas uma forma de nortear vocês no fantástico (e infinito!) universo dos bebês, que eu estou apenas começando a conhecer...

Não se sintam presos a ela, por favor!

Beijos,
Lelê

quarta-feira, 21 de outubro de 2009


Famosa pelo seu trabalho com primatas na África, Jane Goodall falou no XIII Congresso Mundial de Florestas sobre sua preocupação com as mudanças climáticas e lembrou que o homem não está sozinho neste planeta. Citando visitas a Groelândia, onde testemunhou os efeitos do degelo sobre os índios Inuits, e ao Panamá, onde acompanhou a retirada de pessoas de ilhas por causa do aumento no nível dos mares, a cientista britânica Jane Goodall defendeu nesta segunda-feira (19) em Buenos Aires que a proposta de Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação (REDD) é uma oportunidade única de proteger as florestas e permitir aos povos locais que permaneçam ali, ajudando a manter sua biodiversidade.“O REDD é extremamente poderoso, pois trará grandes somas de dinheiro diretamente não só para governos, mas para pessoas locais”, afirmou Jane.
Ela citou sua experiência na Gâmbia, onde viu o desmatamento ocorrer no entorno dos Parques de conservação por falta de outras alternativas de sobrevivência das populações que ali viviam. Somente melhorando a condição de vida dessas pessoas, destacou, será possível manter as florestas preservadas. O mecanismo REDD, que está sendo discutido nas negociações internacionais como uma maneira de recompensar financeiramente países que reduzirem suas taxas de desmatamento, poderia ser usado para proteger florestas ainda intactas, completou. “Hoje já há ferramentas ligadas ao uso de tecnologia de GPS que permitem treinar as pessoas para monitorar as florestas”. O Google está desenvolvendo um sistema muito simples, explicou Jane, que deve ser lançado durante a Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas, em dezembro, em Copenhague, quando também é esperado um posicionamento sobre o REDD como ferramenta para alcançar reduções de gases do efeito estufa através da conservação florestal.
Sua opinião sobre as oportunidades para os povos locais é compartilhada pelo vice-diretor da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), Willian Jackson. “Temos que perceber o potencial das florestas tropicais, não apenas como estoques de carbono, mas também por trazerem outros benefícios sociais e ambientais importantes”, afirmou. Jackson destaca que o REDD é uma questão de escolha da sociedade e não apenas de mercado, já que seria criado com o intuito de gerar créditos compensatórios pelas emissões feitas por países desenvolvidos. E, principalmente, precisa envolver as pessoas locais. “O desenvolvimento sustentável de florestas precisa incluir todos os atores e o grande desafio é incluir as pessoas que podem ganhar ou perder com isto, como indígenas, que normalmente são os que têm menores condições de participar das negociações”, disse.
Em meio a números desanimadores sobre a situação mundial dos ecossistemas, com altos índices de desmatamento e perdas de biodiversidade, Jane prometia trazer “razões para ter esperança” em sua fala. O que a fazia ter esperança? Entre a capacidade humana e vontade dos jovens de hoje de agir, ela enfatizou a necessidade de conectar novamente a mente com o coração. “Nós precisamos romper as barreiras que adoramos criar, não apenas entre culturas, religiões e nações, mas entre a gente e os animais. Os chipanzés nós ensinaram bem isso: não somos os únicos no planeta”. Jane afirmou que a espécie humana tem um poder de inteligência enorme, porém perdeu algo chamado “sabedoria”, ainda presente entre os indígenas. “Como pode uma espécie tão inteligente ter causado isto ao planeta? Os indígenas tomam decisões pensando em como afetam a vida das futuras gerações”.O modo que encontrou para sensibilizar sobre a necessidade de respeitar outras espécies vivas além da humana foi trazer o som da floresta para o auditório, lotado de pessoas que vieram ouvir uma “celebridade” em pesquisas com animais. “Eu não trouxe nenhum slide comigo, mas quero trazer para vocês um som que para mim é um dos mais evocativos e mágicos das florestas da África, que é dos chipanzés”, disse, imitando em seguida o som produzido pelos primatas que ecoou por todos os cantos da sala e arrancou aplausos de todos.
Imagem: Black Hills State University
Por Paula Sheidt, do CarbonoBrasil


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Allegro (Vinícius de Moraes)

Sente como vibra
Doidamente em nós
Um vento feroz
Estorcendo a fibra

Dos caules informes
E as plantas carnívoras
De bocas enormes
Lutam contra as víboras

E os rios soturnos
Ouve como vazam
A água corrompida

E as sombras se casam
Nos raios noturnos
Da lua perdida.